Getting your Trinity Audio player ready...
|
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou neste sábado (14) a prisão do general de Exército da reserva Walter Souza Braga Netto, a pedido da Polícia Federal, após parecer favorável da Procuradoria-Geral da República. O ministro também autorizou a busca e apreensão em relação a ele e ao coronel Flávio Botelho Peregrino, assessor do general.
Ambos são investigados por envolvimento na tentativa de golpe de Estado e por tentar atrapalhar as investigações.
“Foram identificados fortes e robustos elementos de prova que demonstram a participação ativa, ao longo do mês de dezembro de 2022, do General Braga Netto na tentativa coordenada dos investigados de pressionarem os comandantes da Aeronáutica e do Exército a aderirem ao plano que objetivava a abolição do Estado Democrático de Direito”, diz um trecho da decisão de Moraes.
Ao analisar o pedido da PF, o ministro considerou o depoimento de Mauro Cid como um forte embasamento para a prisão do general.
“Ressalte-se, inclusive, que a Polícia Federal apontou que o novo depoimento prestado por Mauro César Barbosa Cid apresentou elementos que permitem caracterizar a existência de conduta dolosa de Walter Souza Braga Netto no sentido de impedir ou embaraçar as investigações em curso”, aponta.
“Conforme detalhado pela Polícia Federal, há diversos elementos de prova, nas Pets 12.100/DF e 11.645/DF, que evidenciam que Braga Netto atuou, dolosamente, para impedir a total elucidação dos fatos, notadamente por meio de atuação concreta para a obtenção de dados fornecidos pelo colaborador Mauro Cid, em sua colaboração premiada”, mais um trecho.
Na decisão, Moraes reforça o envolvimento dos investigados, por meio de intensa troca de mensagens.
“Nesse sentido, a perícia realizada no celular apreendido em posse de Mauro César Lourena Cid, genitor do colaborador Mauro César Barbosa Cid, demonstrou intensa troca de mensagens com Walter Souza Braga Netto, bem como que todas as mensagens trocadas por meio do aplicativo WhatsApp foram apagadas nas primeiras horas do dia 8/8/2023, três dias antes da denominada operação “Lucas 12:2”, que apurou as ações do grupo criminoso relativas ao desvio de presentes de alto valor – joias – recebidos em razão do cargo pelo ex-presidente da República Jair Messias Bolsonaro e por comitivas do governo brasileiro”, informa.
“A investigação, segundo a Polícia Federal, demonstra que os contatos telefônicos realizados com Mauro César Lourena Cid, genitor do colaborador Mauro Cid, tinham a finalidade de obter dados sigilosos, controlar o que seria repassado à investigação, e, ao que tudo indica, manter informado os demais integrantes da organização”, prossegue a decisão.
Em relação aos dois investigados, Alexandre de Moraes determinou ainda a proibição de contato com outros investigados e ordenou a retirada do sigilo da decisão, da representação da Polícia Federal e do parecer da Procuradoria-Geral da República.
Veja a decisão que autorizou a prisão.