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No Palácio do Planalto, a deputada federal Erika Hilton dava uma entrevista a jornalistas sobre a Proposta de Emenda à Constituição que põe fim à escala 6×1 de trabalho semanal. Era perto das 19h30. Os microfones captam o estrondo que vinha do outro lado da Praça dos Três Poderes.
Em frente o Supremo Tribunal Federal, Francisco Wanderley Luiz acabava de acionar os explosivos que carregava com ele, depois de deitar no chão, na frente de seguranças e policiais judiciários. Pouco antes, o carro dele, carregado de explosivos, explodiu em um estacionamento público perto dali.
Pela tarde, ele circulou pela região. Entrou na Câmara dos Deputados. Circulou pelos gabinetes. Vestido com um paletó cheio de imagens de cartas, em alusão ao Coringa, arquirrival do Batman, ele despertou a atenção de quem cruzava com ele. Estava sozinho.
Depois da explosão, a área foi rapidamente isolada pela Polícia Militar e pelo Corpo de Bombeiros. Polícia Federal e o esquadrão antibombas foram acionados. No Exército, 250 homens ficaram de prontidão.
Deputados e senadores permaneceram nos plenários das casas legislativas até que os policiais concluíssem uma varredura para garantir que todos saíssem em segurança.
A Esplanada dos Ministérios ficou com os acessos à Praça dos Três Poderes bloqueados. Um hora e meia depois do atentado, as pessoas começaram a ser liberadas.
O corpo de Francisco Wanderley foi retirado somente no dia seguinte, perto das nove da manhã, porque havia mais explosivos que precisavam ser desativados. Ele havia se separado da esposa e deixado a família em Rio do Sul, Santa Catarina, em julho. Foi de carro a Brasília e alugou uma casa em Ceilândia.
Em 2020, foi candidato a vereador no município catarinense pelo PL, mas não se elegeu. A ex-esposa declarou que ele queria matar o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
Em uma rede social, Francisco publicou diversas mensagens ameaçadoras dirigidas à Polícia Federal e ao STF. A PF teria “72 horas para desarmar a bomba que está na casa dos comunistas”, escreveu em um dos posts.
Ele divulgava teorias conspiratórias e publicava críticas ao STF, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e aos presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco.
Recentemente, publicou que o dia 15 de novembro, data da Proclamação da República, seria “especial para iniciar uma revolução”.
Foto: Bruno Peres/Agência Brasil