O enoturismo uruguaio está crescendo entre os brasileiros que procuram esse tipo de experiência. Por alguns anos, os lugares preferidos pelos enófilos foram Argentina e Chile, mas esse favoritismo tem mudado, e o Uruguai agora também está na lista dos destinos escolhidos quando o assunto é vinho.
Essa mudança se deve não somente à qualidade dos vinhos, mas também pela infraestrutura nas vinícolas. Pude viajar, com um grupo de jornalistas e influenciadores, de um ponto a outro do país. Em nove dias, conheci 26 vinícolas. Foram exatamente 227 vinhos degustados — e, sobre isso, preciso frisar que não consumimos essa quantidade de vinhos no momento da prova: nós, profissionais, colocamos o vinho na boca e depois o cuspimos, não o engolimos.
Segundo dados das vinícolas uruguaias, 80% dos turistas que as visitam são brasileiros. Como não conseguirei neste artigo citar todas as adegas, irei recomendar algumas próximas a Montevidéu, capital do país.
A primeira parada foi na vinícola De Lucca. O grupo foi recebido pelo enólogo e proprietário Reinaldo De Lucca, juntamente com seus filhos. Visitar De Lucca e escutar as histórias do Sr. Reinaldo é um privilégio e uma viagem na história dos vinhos uruguaios. O vinho é mais do que o mosto de uva fermentado. É história, pessoas, lugares e tradições. Iniciar esta jornada sem visitar De Lucca é o mesmo que ir a Paris e não ver a Torre Eiffel.
Em seguida, visitamos a Braccobosca. Lugar lindo, com restaurante e estrutura para hospedagem. Construíram duas cabanas praticamente no meio do vinhedo, tornando possível tomar o café da minha de frente para as parreiras de uvas.
A vinícola Casa Grande Arte e Viña, localizada em Canelones, é um negócio familiar onde todos se envolvem no projeto. Florencia, a jovem enóloga, fez uma revolução na vinícola, diminuindo o rendimento das uvas no vinhedo e buscando elaborar vinhos de qualidade. Seu pai, Washington, cuida e conduz o vinhedo, enquanto sua mãe, Francesca, retrata o dia a dia da vinha e dos vinhos em suas pinturas artísticas. Dentre as castas plantadas, há Sauvignon Blanc, Alvarinho, Catarrato, Viognier, Pinot Grigio, Moscatel, Ugni Blanc, Tannat, Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Arinarnoa, Nero D’Avola, Barbera, Nebbiolo, Petit Verdot e Marselan. Toda essa diversidade é bem representada nos vinhos.
Outra vinícola para visitar é a Nakkal Wines, também localizada em Canelones, projeto comandado por Santiago Degasperi e Nicolas Monforte. Os jovens fundaram esse projeto como um “coworking” para produtores de uvas que possuem seus vinhedos, mas não têm adega e nem interesse de construir uma para elaborar seus vinhos.
Os vinhos Nakkal são elaborados sob o princípio da mínima intervenção, utilizando sempre as leveduras nativas das uvas para a fermentação alcoólica e sem adição de sulfitos.
Além disso, há um projeto com o produtor do Douro, Portugal, Dirk Niepoort na elaboração do vinho Natcool, que no projeto se chama Nakcool, vinho natural.
A vinícola Pizzorno, situada também em Canelones, possui pousada, restaurante e várias atividades para o turista. Inclusive oferecem serviço de transporte para buscar e levar o visitante a partir de Montevidéu.
Os vinhos uruguaios são únicos. A maioria dos produtores são pequenos. Os negócios são familiares, e o mais importante: a nova geração (filhos e filhas) está assumindo os projetos e dando seguimento aos trabalhos trazendo inovação, mas mantendo a qualidade, pensando na sustentabilidade, no meio ambiente e em elaborar vinhos mais puros.
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